November 24, 2004

Balanço

Reparei que já nada dizia desde 10 de Novembro! É uma pena, pois os blogs devem ser mantidos, alimentados... mas, de facto, o trabalho aperta no final do ano. É uma época de balanço a todos os níveis!
Considero que já me é possível fazer um breve balanço pessoal deste conturbado ano de 2004. Muita coisa aconteceu. Foi para mim um ano especialmente duro, de grande luta pessoal.
Mas valeu a pena, sobretudo porque a "Alma não é pequena".
Ainda citando o génio Fernando Pessoa, literalmente "tirei-me a ferros de mim mesma"!
Foi um ano de encontros e desencontros. Foi um ano de perdas, mas também de grandes conquistas. Tem sido um ano de desconstrução interna, doloroso, mas muito sentido e eficaz.
Este último ano iniciou um percurso de grande importância pessoal. Caí num grande abismo interior, percorri um caminho tortuoso, perdi-me nos ilimites da alma, visualizei uma outra margem para além do fosso existente!
Fui construindo uma ponte dia a dia, minuto a minuto. E, de repente, sem dar por isso, estava na outra margem da vida!
Libertei-me das amarras dolorosas do passado, permiti-me crescer e tornar-me Mulher! Um processo interno que, inevitavelmente, teve as suas consequências no mundo que me rodeia. Algumas pessoas ficaram lá atrás, no outro lado do abismo.
Felizmente, a maioria ajudou-me, mesmo sem compreender, a construir a ponte e deu o pulo comigo para a outra margem.
A esses grandes amigos, a essas grandes conquistas, as mais importantes, agradeço a paciência, a coragem e, acima de tudo, por terem lutado ao meu lado.
Apesar de tudo, apoiaram-me, mesmo quando me sentiam a ir por um caminho sem regresso. Quem ficou do outro lado não será esquecido naturalmente. Mas ficam no lugar a que pertencem... ao passado!
Hoje, com 30 anos de idade, sinto-me verdadeiramente viva!
Foi um parto difícil. Mas no dia de hoje posso dizer com toda a segurança que sobrevivi. Renasci das cinzas do meu ser!
Agradeço à minha família, aos meus amigos, aos meus chefes, aos meus colegas, mas acima de tudo, agradeço a mim própria por ser quem sou, por me ter apercebido da tristeza em que estava mergulhada, por ter lutado, por me ter despido da máscara imposta e por mim permitida.
Hoje sou quem sou com orgulho, verdade, segurança e determinação. Aceitei o Outono, o Inverno, a Primavera e o Verão na minha vida. Tenho a consciência exacta que apenas um percurso foi iniciado, que muitos vales surgirão no meu caminho, que muitas montanhas terão de ser escaladas... mas sei que um planalto verde e radioso, com um sol quente e luminoso, será sempre o meu lugar, a minha casa, o meu regresso.
Já disse muito. Provavelmente muito mais se poderia dizer. Obrigado por me "ouvirem", obrigado por me "escutarem", obrigado por me entenderem.

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